segunda-feira, 28 de junho de 2010

Chuva de Bala no País de Mossoró - Parte I

Pois é, galera, 6 anos que estou nessa linda terra e ainda não tinha ido assistir esse belíssimo espetáculo, mas como pra tudo na vida existe a primeira vez, no dia 25/06/2010 eu assisti o Chuva de Bala no País de Mossoró, recomendo, muito massa, muito bonito, mesmo. É interessante o quanto essa cidade respeita(em certas partes) a cultura, a tradição, a história do povo, e não só através desse espetáculo, mas no dia-a-dia da galera. E vamos falar sobre a peça que dá título ao post

A peça 

Palco de uma batalha perdida pelo bando de Lampião, no finalzinho da década de 20, a cidade de Mossoró organiza todos os anos um espetáculo contando a saga do seu povo contra o rei do cangaço. Encenada ao ar livre, a peça é protagonizada inteiramente por artistas da terra e acontece no adro da Capela de São Vicente, onde até hoje, é possível ver as marcas do confronto.Escrita pelo professor da UFRN Tarcísio Gurgel, e com música do maestro Danilo Guanais, o espetáculo é dirigido por João Marcelino, conta com 70 atores que encarnam o bando de Lampião, o padre, a ‘poliça’ e o prefeito Rodolfo Fernandes, líder da resistência.

O texto

O texto lembra o episódio histórico de modo simples e direto, como é próprio a uma obra cênica de natureza narrativa, mas revela algumas reentrâncias curiosas, que quebram a linearidade da fábula, contrapõem ideologias e insinuam a presença do povo, da arraia miúda, entre as duas forças antagônicas: o Poder Constituído, de um lado, os cangaceiros, do outro. E o povo, na verdade, é joguete manipulado e quase sempre vitimado por um ou outro lado. (Como sempre)

O bilhete de Lampião

"Cel Rodolfo Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo. Capm Lampião."



A resposta do prefeito

"Virgulino, lampião. Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma. Rodolfo Fernandes"



O confronto

O ano era 1927. Comandos pelo prefeito, a tímida guarda da cidade, que dispunha naquele 13 de junho de pouquíssimos homens, afugentou o bando de Lampião. Rodolfo Fernandes, o prefeito, negou-lhe os 400 contos de réis, e ainda, diminui o número de cangaceiros do bando de Lampião. Colchete morreu de tiro e Jararaca foi preso na Cadeia Pública, atual Museu Municipal Lauro da Escóssia e enterrado vivo - segundo dizem - no Cemitério Público. De cangaceiro passou à santo. O túmulo de Jararaca é venerado porque o cangaceiro é tido como milagroso. Uma verdadeira epopéia sertaneja, o encontro marcou profundamente a paisagem local e a alma da sua gente.



Fonte: Overmundo

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